Observatório do kaos

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Manifesto dos Atingidos Pela Rede Globo


Manifesto dos Atingidos Pela Rede Globo *

Apenas 6 famílias estão no comando dos principais meios de comunicação no Brasil. Civita, Marinho, Frias, Saad, Abravanel e Sirotsky são os clãs que comandam o oligopólio midiático no País.

Um seleto grupo composto pelas Organizações Globo, Grupo Folha, Grupo Estado, Rede Brasil Sul (RBS) e Companhia Brasileira Multimídia (CBM) é o responsável pela concentração de maior parte de toda a circulação diária de notícias impressas em todo o Brasil, algo em torno de 56% de tudo o que é veiculado de informação impressa e que circula no território nacional.

Não obstante, apenas três estados, São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, são as sedes dessas empresas de mídia.

Uma característica que revela a “vocação” concentradora da estrutura dos meios de comunicação no Brasil é a atuação e a influência marcante de um único conglomerado midiático em âmbito nacional e internacional: a Rede Globo, de propriedade da família Marinho.

O conglomerado é líder com 263 veículos próprios ou afiliados – mais que SBT e Record juntos, em segundo e terceiro lugar, respectivamente.

A Globo detém ainda 33,4% do total de veículos ligados às redes privadas nacionais de TV e controla o maior número de veículos em todas as modalidades de mídia: 61,5% de TVs UHF; 40,7% dos jornais; 31,8% de TVs VHF; 30,1% das emissoras de rádio AM e 28% das FM.

A maioria dos principais grupos regionais de mídia são afiliados da Globo e seu conglomerado é o único presente em todos os tipos de veículos de comunicação. Até 2007, sem contar as afiliadas, a Rede Globo possuía 20 emissoras próprias, apesar de a lei brasileira permitir apenas 10 concessões por operadora.

Naturalmente, a Rede Globo de Televisão abocanha mais da metade do mercado publicitário brasileiro destinado ao meio televisivo, ou seja, quase 80% do total destinado às emissoras de TV aberta, além de liderar os índices de audiência em praticamente todos os horários.

Organizações Globo é o termo usado para denominar o conglomerado de várias empresas brasileiras concentradas especificamente na área de mídia e comunicação. É o maior conglomerado de mídia da América Latina e o terceiro maior do mundo, ficando atrás apenas da The Walt Disney Company e da CBS Corporation.

Criada em 1965 em pleno Regime Militar, cinco anos após entrar no ar, já em 1970, era líder absoluta de audiência. À época, estavam também no ar as Redes Excelsior – que saiu do ar em 1970 – a Tupi – que sairia do ar em 1980 – e a Record e a Cultura, que como a Rede Globo estão no ar até hoje.

A emissora dos Marinho conquistou o espaço deixado pela Excelsior, além de ter recebido a quantia de US$ 5 milhões do Grupo Time Life, para a compra de equipamentos novos e modernos para a época.

Em seus 45 anos de existência, a Rede Globo especializou-se em fazer telenovelas, que são vendidas atualmente para mais de trinta países. Produzidas em vários gêneros, comédias, românticas, atuais e de época, ambientadas no Rio de Janeiro, em São Paulo, no campo, no litoral, as novelas da Globo produzem de imediato fenômenos de "massificação do comportamento", que podem ser verificados de maneira empírica e simples sem necessidades de um protocolo ou estudo experimental.

Alguns críticos também apontam as telenovelas como uma das causas da derrocada do cinema brasileiro desde a década de 1980.

De acordo com o livro “Muito Além do Jardim Botânico, de Carlos Eduardo Lins da Silva”, um dos grandes responsáveis pela liderança de audiência da Globo foi Walter Clark, que entre outras coisas, criou o chamado ‘sanduíche’ na programação, onde entre duas novelas deveria haver um jornal, neste caso o Jornal Nacional, que entrou no ar em 1º de setembro de 1969. Para garantir o Ibope, a novela das 19h tinha um estilo bem leve, quase cômico, e o das 20h, dramático. Estratégia perfeita e que se mantém até hoje.

Para Clark, não bastava ser líder de audiência. Era preciso criar o hábito de assistir a Globo. Coincidentemente, o JN estreou no período de maior endurecimento do Regime Militar, em 1969. O Ministério das Comunicações foi criado neste mesmo ano. O que interessava à ditadura era a chamada “Integração Nacional”. O JN foi o primeiro transmitido em rede. O tom formal e frio, com informações que interessavam diretamente ao regime, deu ao jornal o apelido de “porta-voz da ditadura”.

Uma declaração do então presidente Emílio Garrastazu Médici – o mais autoritário artífice do regime ditatorial sobre a sociedade – deu o tom do que era o JN: “Sinto-me feliz, todas as noites, quando ligo a TV para ler o jornal. Enquanto as notícias dão conta de greves, agitações, atentados e conflitos, em várias partes do mundo, o Brasil marcha em paz, rumo ao desenvolvimento. É como se eu tomasse um tranqüilizante, após um dia de trabalho.”

Em comprovada associação com a criminalidade da ditadura, a Globo também bancou falsas notícias dos assassinatos de Vladimir Herzog, Fiel Filho, Stuart Angel e centenas de outros opositores ao regime, sempre tendo como verdade os laudos criminosamente falsos do médico parceiro da ditadura, Harry Shibata.

Em 1993, Simon Hartog, documentarista britânico, através do Channel 4, emissora pública do Reino Unido, realiza o filme Beyond Citizen Kane (Muito Além do Cidadão Kane), focado na análise da relação da mídia e o poder no Brasil.

O documentário acompanha o envolvimento e o apoio da Globo à ditadura militar brasileira, sua parceria com o grupo americano Time Warner (naquela época, Time-Life), algumas práticas vistas como manipulação feitas pela emissora de Marinho (incluindo um suposto auxílio dado a uma tentativa de fraude nas eleições fluminenses de 1982 para impedir a vitória de Leonel Brizola, a cobertura tendenciosa do movimento das Diretas-Já, em 1984, quando a emissora noticiou um importante comício como um evento de comemoração ao aniversário de São Paulo, e a edição, para o Jornal Nacional, do debate do segundo turno das eleições presidenciais brasileiras de 1989, de modo a favorecer o candidato Fernando Collor de Mello (frente a Luís Inácio Lula da Silva), além de uma controversa negociação envolvendo ações da NEC Corporation e contratos governamentais à época em que José Sarney era presidente da República.

A primeira exibição pública do filme no Brasil ocorreria no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-RJ), em março de 1994. Um dia antes da estréia, a polícia militar recebeu uma ordem judicial para apreender cartazes e a cópia do filme, ameaçando, em caso de desobediência, multar a administração do MAM-RJ. O secretário de cultura acabou sendo despedido três dias depois.

Até hoje uma decisão judicial proíbe a exibição de Beyond Citizen Kane no Brasil.

O último episódio de ilegalidade cometido pela Rede Globo em conluio com os poderes constituídos na política brasileira veio a tona em janeiro de 2011 quando um deslizamento de terra de grandes proporções deixou mais de 700 mortos na Região Serrana do Rio de Janeiro.

Enquanto os veículos da Rede Globo denunciavam o descaso do governo federal e cobrava mais investimentos para a prevenção de enchentes, a imprensa alternativa tornava público que no dia 20 de outubro de 2010 o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, desviou R$ 24 milhões do FECAM (Fundo Estadual de Conservação do Meio Ambiente) com a finalidade de construção pela Fundação Roberto Marinho do Museu do Amanhã no Cais do Porto no Rio de Janeiro.

Diante dos fatos e de inúmeras outras ocorrências de irregularidades cometidas pela Rede Globo, que aviltam a democracia e mancham a história do próprio jornalismo, ficam as perguntas: é justa a renovação da concessão pública da poderosa TV Globo? Ela ajuda a formar ou a deformar a sociedade brasileira? Ela informa ou manipula as informações? Ela atende os preceitos constitucionais que proíbe o monopólio da mídia e exige que a comunicação social promova a produção da cultura nacional e regional e a difusão da produção independente e que tenha finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas?

É hora de a sociedade brasileira assumir definitivamente uma postura crítica e transformadora da situação em que se encontram os meios de comunicação no País.

Para tanto exigimos:

– A retratação pública da Rede Globo de Televisão diante da sociedade brasileira e principalmente da população do Rio de Janeiro, com conteúdo a ser inserido na grade de programação da emissora com alcance em todo o território nacional.

– Auditoria independente a ser realizada pelo MPF e sociedade civil que reveja as concessões a operadoras que já possuam o limite de concessões permitidas por lei.

– Fim do monopólio da Globo sobre o setor da TV Paga.

– Obrigatoriedade de programas regionais e de produção independente em pelo menos 1/3 da programação diária das emissoras de TV que operam no território Nacional.

– Maior controle da sociedade sobre programas de Reality Shows com conteúdos eróticos, consumistas e de azar, como o Big Brother Brasil e similares que, uma vez produzidos, devem ser exibidos apenas em horários de baixa audiência durante a madrugada.

– A criação de um imposto de contrapartida a ser pago pela Rede Globo e demais Emissoras que operam no Brasil. Que a arrecadação por este mecanismo seja revertida em programas de apoio a iniciativas alternativas e populares de comunicação como as rádios e TVs livres e comunitárias e também na construção de cidades cenográficas em vilas e favelas do Brasil em caráter de compensação de danos e transferência direta de renda aos setores mais explorados quanto marginalizados pelas atuações das redes de comunicação de massa no Brasil.

* Este manifesto não tem autoria. Foi produzido a partir de colagens de textos buscados na internet. Seu conteúdo é livre e está aberto para acréscimos e considerações. Também não carece de assinaturas.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

TERRITÓRIOS LIVRES

Encaminhando.

Amanu - Educação, Ecologia e Solidariedade
www.associacaoamanu.blogspot.com
Grupo Aroeira - Ambiente, Sociedade e Cultura
www.icb.ufmg.br/grupoaroeira


---------- Mensagem encaminhada ----------

MST ocupa fazenda em Funilândia-MG



Cerca de 100 famílias do Movimento dos Trabalhadores(as) Rurais Sem Terra – MST, ocuparam nessa madrugada de segunda dia 13 de setembro de 2010, mais uma fazenda improdutiva no município de Funilândia, divisa com Sete Lagoas, 100 km de Belo Horizonte.

A fazenda de nome Granja Manoa é de propriedade de Oto Guimarães Mourão, e está abandonada há vários anos. O proprietário tem o título de apenas 97 dos 520 hectares da propriedade. O que caracteriza ser terra devoluta. Além disso, a propriedade possui duas matrículas junto ao INCRA, mais um sinal de irregularidade.

Próxima a Sete Lagoas a fazenda está em uma região invadida pelo agronegócio, pela monocultura do eucalipto, sofrendo os impactos do modelo de desenvolvimento que abusa do uso de agrotóxicos, concentra renda, não emprega, e destrói o meio ambiente.

A ocupação tem por objetivo que a propriedade cumpra sua função social, e ainda visa desenvolver a agricultura familiar na região e a produção de alimentos saudáveis para a cidade.

É mais uma vitória dos trabalhadores e trabalhadoras do campo, menos um latifúndio no Brasil e em Minas, menos desemprego e violência nas cidades, mais um passo na construção de um Projeto Popular.

Reforma Agrária: Por justiça social e soberania popular!


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Postado por Pedro Otoni no Agência de Notícias Brigadista em 9/13/2010 06:28:00 AM

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Cardapio del Tercer Mundo

¿Por qué dejaron de comer carne los argentinos?

Veronica Smink

Veronica Smink

BBC Mundo, Cono Sur

go está cambiando en la mesa de los argentinos. Por años los habitantes de ese país sudamericano tuvieron la particularidad de ser los que más carne comían en el mundo. Pero ahora las cosas cambiaron: en 2010 el consumo de carne vacuna en el país fue el más bajo de la última década.

Según la Cámara de la Industria y Comercio de Carne de la República Argentina (Ciccra), los argentinos pasaron de consumir unos 68 kilos de carne por habitante en 2009 a 56,7 kilos este año.

Así, por primera vez en más de un siglo, fueron superados por sus vecinos uruguayos como los mayores consumidores de carne bovina del planeta (aunque ambas naciones rioplatenses aún superan ampliamente el promedio de consumo en los otros países).

La mayoría de los observadores coincide en el motivo principal por el que los argentinos están dejando de lado sus famosos "bifes": el alto precio del alimento.

Las políticas del gobierno desincentivaron la producción ganadera y ampliaron los márgenes de beneficio para la producción de soja

Mauricio Claverí, economista de la consultora Abeceb.com

Se estima que el valor de la carne vacuna aumentó más de un 60% en el último año.

Irónicamente, la Ciccra adjudica ese aumento a las políticas de control de precios aplicadas por el gobierno de Cristina Fernández para garantizar el consumo interno del popular alimento.

Las presiones ejercidas por la Secretaría de Comercio Interior para mantener bajos los precios de la carne, que incluyen trabas a la exportación, llevaron a una fuerte caída en la oferta de hacienda, lo cual eventualmente generó un alza de precios.

"Las políticas del gobierno desincentivaron la producción ganadera y ampliaron los márgenes de beneficio para la producción de soja", le dijo a BBC Mundo el economista Mauricio Claverí de la consultora Abeceb.com.

Más soja, menos carne

Soja

Muchos productores se han volcado en cultivos más redituables.

La caída en la oferta de hacienda se debe a una merma en las cabezas de ganado, generado por la decisión de muchos productores de volcarse a cultivos más redituables y agravado por una de las peores sequías de las últimas décadas, que golpeó a la región en 2009.

Según el Servicio Nacional de Sanidad y Calidad Agroalimentaria (Senasa), entre 2008 y 2010 hubo una disminución de más de 3,7 millones cabezas de ganado.

En tanto, la producción de soja alcanzó este año una cosecha récord de 55 millones de toneladas.

El ex secretario de Agricultura, Carlos Cheppi, estimó que "en los últimos diez años la agricultura le quitó entre 12 y 14 millones de hectáreas a la ganadería".

Organismos que agrupan a los ganaderos advirtieron que la caída en su producción podría llevar a que Argentina eventualmente tenga que importar carne para abastecer su mercado interno.

clic Lea: Argentina: ¿cae un gigante agropecuario?

"En 2010 se empezará a notar (la escasez), pero 2011 será peor", aseguró hace un año el presidente de la Sociedad Rural Argentina, Hugo Biolcati.

Cambio de hábito

El alza en los precios de la carne está llevando a muchos argentinos a reemplazar su tradicional bife por otros alimentos.

Un estudio reciente de la consultora Claves estimó que el consumo de pastas aumentará este año entre un 4% y un 5%.

Cristina Fernández, presidenta de Paraguay

Fernández recomendó a los argentinos comer otros productos en lugar de carne.

En tanto, ya sea por cuestiones monetarias o de salud, también ha aumentado la oferta de sustitutos de la carne hechos a base de soja.

Si bien Argentina es uno de los principales productores de la oleaginosa, hasta ahora menos del 2% de la producción era consumida en el país.

Sin embargo, en los supermercados argentinos es cada vez más común ver productos hechos a base de este producto, en particular milanesas y hamburguesas.

La presidenta Fernández instó recientemente a que el país aumente su fabricación de estos productos, para así "agregarle valor a la soja".

La mandataria también recomendó a los argentinos comer otros productos en lugar de carne, como el pollo, que es más sano, y el cerdo, que –según aseguró- tiene propiedades afrodisíacas.

Adentro y afuera

La caída en la producción de carne no sólo afecta los hábitos alimenticios de los argentinos. También cayó la cantidad de carne que el país vende en el exterior.

Según Ciccra, las exportaciones de carne se redujeron un 41,9% en volumen y un 20,9% en valor en el último año.

Argentina, que en la década de los años 70 era la principal exportadora de carne vacuna del mundo, en 2010 ni siquiera pudo cumplir con la llamada cuota Hilton, como se conoce a los cortes de mayor valor que ingresan a la Unión Europea con bajos aranceles de importación.

En tanto, la Ciccra advirtió que la menor producción también está poniendo en riesgo la estabilidad laboral del sector, ya que unas 10.000 personas podrían perder su empleo si la caída continúa.

Publicado em: http://www.bbc.co.uk/mundo/economia/2010/08/100819_0131_carne_argentina_consumo_jg.shtml

terça-feira, 1 de junho de 2010

acabou guerra

Carta ao governo Israelense

Sres. que me envergonham:

Judeu identificado com as melhores tradições humanistas de nossa cultura, sinto-me profundamente envergonhado com o que sucessivos governos israelenses vêm fazendo com a paz no Oriente.Médio.

As iniciativas contra a paz tomadas pelo governo de Israel vem tornando cotidianamente a sobrevivência em Israel e na Palestina cada vez mais insuportável.

Já faz tempo que sinto vergonha das ocupações indecentes praticadas por colonos judeus em território palestino. Que dizer agora do bombardeio do navio com bandeira Turca que leva alimentos para nossos irmãos palestinos? Vergonha, três vezes vergonha!

Proponho que Simon Peres devolva seu prêmio Nobel da Paz e peça desculpas por tê-lo aceito mesmo depois de ter armado a África do Sul do Apartheid.

Considero o atual governo, todos seus membros, sem exceção, merecedores por consenso universal do Prêmio Jim Jones por estarem conduzindo todo um pais para o suicídio coletivo.

A continuar com a política genocida do atual governo nem os bons sobreviverão e Israel perecerá baixo o desprezo de todo o mundo..

O Sr., Lieberman, que trouxe da sua Moldávia natal vasta experiência com pogroms, está firmemente empenhado em aplicá-la contra nossos irmãos palestinos. Este merece só para ele um tribunal de Nuremberg.

Digo tudo isso porque um judeu humanista não pode assistir calado e indiferente o que está acontecendo no Oriente Médio. Precisamos de força e coragem para, unidos aos bons, lutar pela convivência fraterna entre dois povos irmãos.

Abaixo o fascismo!

Paz Já!

Silvio Tendler

Cineasta

domingo, 16 de novembro de 2008

Produção contra-hegemonica dos camponeses no Brasil

A luta pelo controle da produção cultural é também política

14/11/2008

“A luta contra o latifúndio não está separada da luta pelo controle da produção cultural”, afirmou o professor de Historia da Arte da Universidade de São Paulo, Francisco Alambert, durante a mesa de
debate: “A arte como instrumento nos processos revolucionários”, da Semana Brasileira de Cultura e Reforma Agrária, que acontece em Belém do Pará. O evento, organizado pelo MST, vai até 16/11.

Para o professor, “tirar os séculos de ideologia que nos foram inculcados pela industria cultural é uma luta política. Para isso, é fundamental que os meios de produção cultural sejam socializados e que os trabalhadores construam uma arte que responda aos interesses coletivos e não a caprichos individuais.”

Alambert resgatou algumas experiências da luta travada pelas revoluções socialistas no campo da cultura. “Os grandes processos revolucionários do século XX entenderam que a luta revolucionaria deve estar em todos os lugares ao mesmo tempo, inclusive no terreno das artes, da cultura e da produção simbólica.”

O debate sobre o que é e como produzir uma cultura revolucionaria e uma comunicação contra-hegemônica é um dos centros das discussões da Semana de Cultura do MST no Pará, e é um debate que vem sendo travado há alguns anos pelos Coletivos de Cultura e de Comunicação do MST.

Para Rafael Villas-Bôas, do Coletivo Nacional de Cultura do MST, o Movimento Sem Terra já entendeu que não basta ter acesso a produção cultural e à comunicação. “Nós aprendemos a criticar a industria cultural, mas também estamos aprendendo a tomar providencias contra
ela, no sentido de criar um poder contra-hegemônico”. Rafael lembrou as experiências das noites culturais do V Congresso do MST, realizado em Brasilia, em junho do ano passado, quando não havia apenas um grande palco, reproduzindo a lógica do espetáculo da industria cultural, mas sim vários pequenos palcos onde artistas populares, acampados e assentados da Reforma Agrária dividiam o espaço com artistas profissionais.

Segundo Rafael, o MST tem avançado na estética das suas produções culturais a partir do momento que essas produções assumiram seu papel na luta de classes. “A produção cultural deve estar ligada à estratégia política do MST. Nesse sentido, todo artista do Movimento
deve ser um militante e todo militante pode ser um artista.”

E a cultura popular, pode ser considerada cultura revolucionaria ou contra-hegemônica? Para o professor Alambert, não necessariamente. “O nosso mundo, a nossa pátria, é a nossa classe. Portanto o que nos interessa é uma cultura de classe, independente de onde ela é produzida. Claro que a cultura popular é importante, mas ela não é necessariamente uma cultura de classe, e nem toda cultura popular deve ser preservada e cultuada.”

A Semana de Cultura Brasileira e Reforma Agrária está acontecendo no Centro Cultural Tancredo Neves – CENTUR, em Belém do Pará, e vai até dia 16 de novembro. Além dos debates que acontecem todas as manhãs e das oficinas práticas realizadas na parte da tarde, as noites da
Semana de Cultura do MST são animadas por artistas populares e da Reforma Agrária, com apresentações musicais, teatrais, recitais de poesia e saraus.

http://www.mst.org.br/mst/home.php